Este post é para responder o seguinte comentário:
"Bom dia, F. Costa. Tudo bem?! Gosto muito do seu blog, leio sempre. Muito informativo, objetivo e com uma linguagem bacana. Gostaria que você compartilhasse seu momento de espera para a maternidade? Como foi o processo de tentativa de gravidez, se demorou, se houve facilidade ou se até teve algumas dicas para engravidar. Desde já, muito obrigada. Abraços"
Pra responder esta pergunta vou começar do começo. Fui morar em Angola em 2008, e lá como já falei brevemente aqui em outro post.... eu engordei bastante, muito mesmo! Sai do manequim 38/40 para o 54, então pire aí?! Foi muito mesmo! Descontei minha saudade e minhas angústias comendo, comendo muito! E até hoje estou gorda... não consegui voltar ao peso. Então depois que casei, isso em 2010, decidimos que queríamos aumentar a família, eu não tomava anticoncepcional, e aí me deparei com a situação de complicação por ter ovários micro-policísticos e obesidade como fatores retardadores da sonhada gravidez.
Engravidei a primeira vez de gêmeos, mas com quase 4 meses descobrimos que eram a-embrionários, ou seja, não chegaram a virar embrião! Foi uma tristeza terrível! Eu fiquei um caco, doeu tanto tanto. Fiz curetagem, precisei ter um repouso punk para que meu útero pudesse sair dessa sem sequelas. E aí depois dessa gravidez fiquei com medo de tentar! Tive medo de não dar certo! Medo de acontecer de novo, emocionalmente não tinha estrutura para tudo de novo. Engravidar deve ser um processo bem pensado... isso porque tudo pode acontecer, você tem que tá pronta para esperar um ser que pode vir saudável ou não, ter uma gestação saudável ou não.
Aí depois do falecimento de meu pai, infarto causado por haver um quadro de hipertensão e diabetes, um dia depois do sepultamento eu fui para um endocrinologista (que diga-se de passagem já estava marcado dois meses antes), e aí depois dessa consulta e do meu relato de insucesso gestacional, da perda recente de meu painho, traçamos uma meta de perda de peso. Perdi 14 quilos, melhorei e muito minha alimentação, saí da faixa de pré-diabetes, e entrei na academia, comecei a fazer toda terça-feira o Evangelho no lar, na minha casa, e melhorei meu emocional a partir daí! Engravidei de novo, parei a academia, e continuei cuidando da alimentação. E para nossa tristeza! Com três meses, recebemos a notícia de que o embrião tinha parado de crescer com 1 mês e 6 dias. Acredite como eu vinha orando muito recebi com tristeza, mas foi de um lugar diferente! Já não estava maldizendo Deus! Sabia que tudo devia estar certo de acordo com o plano estabelecido anteriormente! Antes de fazer a segunda curetagem eu fui em cinco médicos e todos deram o mesmo diagnóstico, eu tinha a esperança daquele bebezinho estar vivo... mas não estava. A última médica me disse assim: "Mães especiais recebem filhos especiais! Este bebê poderia ter sido especial e não escolheu você para este momento", para mim foi a frase mais acolhedora de todas.
Enquanto estava no processo de recuperação da segunda curetagem fui para algumas sessões de cura num Centro Espírita que eu frequentava antes quando morava no Brasil. Fiz o tratamento de cura recebendo passe uma vez na semana e depois continuei nos horários marcados fazendo oração na minha casa, já em Angola, para conclusão do tratamento. Eu estava bem mais fortalecida emocionalmente! Foi tão diferente da primeira vez! Impressionante!
Continuei perdendo peso e saí do manequim 52 para o 50, voltei a fazer exercícios, continuei controlando a alimentação, comecei a fazer um acompanhamento nutricional, comecei a tomar óleo de coco, vitamina D, ômega 3 e probióticos. E depois de alguns meses estava grávida de novo! Aí deu certo! Era um bebê crescendo de verdade! Porém eu fiquei tensa a gravidez quase toda! Não comemorava com medo das coisas não darem certo, ficava na expectativa da ultrassom, das morfológicas... tava tudo certo! De verdade acho que só comecei a relaxar um pouco depois que Heitor fez 4 meses... era mais forte que eu! Não era paranóia era medo mesmo! Medo da felicidade não ser verdade! Medo de não suportar outra perda! Medo de Heitor nascer especial! Medo de não conseguir ser mãe! Medo, medo, medo!
Durante a gestação continuei fazendo o controle do peso e fiz drenagem linfática do quinto mês até o final, para não ter problemas para mim e para meu pequenino gigante. Ganhei 12 quilos, engravidei com 105 quilos e terminei a gestação com 117 quilos. Depois que Heitor nasceu perdi 24 quilos e hoje estou com 102 quilos, já ganhei um pouco do que perdi, continuo descontando minhas angústias, minha saudade, meus medos na comida! Não estou fazendo exercícios, parei de tomar regularmente a vitamina D, o omega 3 e tudo mais... eu sei que não tá legal para mim, pro meu físico! E pretendo dar prioridade a isso daqui a 2 meses, período que terei como me organizar melhor... tomara que eu consiga fazer yoga (meu sonho)!
Então concluindo... você perguntou se demorou para eu conseguir engravidar? Pra mim demorou siiiim! Mas sei que tem muito mais pessoas desejando filhos há muito mais do que 3 anos (tempo que levou para que Heitor viesse ao mundo). Agradeço por não ter que tomar medicação, não precisar tomar hormónios, não precisei fazer nada além de desejar profundamente, cuidar da alimentação, da minha mente, do meu espírito e passei a orar todas as noites por este filho que desejava ter e hoje ele dorme em meus braços... é de fato um sonho realizado.
Responder seu comentário mexeu tanto comigo e todas estas lembranças, no entanto foi bom perceber estas nuances da maternidade! Perceber o quanto devo ser grata até aqui! Perceber ajuda espiritual que tive, a ajuda emocional! O poder da oração para nos manter firmes diante das dificuldades da vida!
Se você que esta lendo se identificou com alguma parte, sei que não estamos sozinhas vivenciando tudo isso! Se você hoje está grávida e está com medo de tudo porque viveu, como eu, experiências difíceis anteriormente, não se martirize, é normal sentir medo, e mesmo assim eleve os pensamentos... converse com este "Ser" que está dentro de você, seja dentro do coração ou dentro do ventre mesmo! Diga a ele todo dia o que quanto já é amado, antes mesmo de nascer! Ore por sua família! Cuide de seu corpo e de sua mente e esteja pronta para aceitar o que vier... ser mãe traz uma alegria transformadora, é um terremoto que faz todas as construções ruírem, a mulher vai se reinventar depois de ser mãe, vai renascer dessas cinzas, será recém-nascida como o neném que trará ao mundo. Lembre que é um caminho de ida, marcante, devastador, intenso e esplêndido, deve ser desejado com responsabilidade, porque tem seus momentos de muito amor e muita exaustão, momentos de tranquilidade e de muito caos, não é a maternidade de novela... é vida real, baby!
Que a Paz esteja com vocês!
Mais uma Mainha
03/09/2016